terça-feira, 5 de julho de 2011

A música brasileira: entre o sucesso e o repúdio



            A música desde os primórdios era considerada “a arte de expressar os sentimentos através dos sons” e  utilizada como um registro social da época. Ao longo do tempo surgiram muitos gêneros musicais, e dentro desses gêneros criaram-se ramificações denominadas segmentos musicais. Houve um tempo em que ela foi utilizada como forma de protesto como na ditadura, e cada ramificação que foi sendo apresentada demonstra ter vindo para atender as necessidades de determinado grupo específico. Com isso a música vem sofrendo modificações e tem perdido o seu caráter de expressar apenas sentimentos para falar de assuntos como sexualidade, apologia ao crime entre outros. Nesse contexto percebemos também a grande influência internacional que vem acontecendo,  fazendo com que se esfacele a identidade nacional e tome para sí estilos padronizados.
             Para o Pastor Osias Mascarenhas Santana, pastor da Primeira Igreja Batista e em Alto Araguaia uma das maiores modificações que ocorreu  foi na originalidade da música, pois  antes ela tinha o propósito de narrar, ainda que na sua licença poética uma história de amor, paternal, cultural ou até mesmo agradecimentos. Hoje se usa uma linguagem muito pobre, e na maioria das vezes surgem apenas com um cunho sensual, depreciativo. Assim não promovendo incentivo nenhum, nem cultural, nem emocional, histórico.
            A ruptura mais evidente aconteceu entre as décadas de 60 e 70 quando ficou notório a influência norte americana no Brasil, surgindo a  necessidade de quebrar paradigmas e produzir algo voltado especificamente para o público jovem. Surge aí o Tropicalismo e a Jovem Guarda, sendo precedida pelo rock dos anos 80 que acompanhava            as tendências de grandes centros como Nova York, Berlim, Londres e Paris. Anos mais tarde o funk também começou a ganhar forças. Com isso a música foi dando indícios de que estava mudando sua direção.
            Atualmente o que se tem visto são letras que depreciam os realacionamentos, particularmente  as mulheres e trazem consigo uma carga emocial um tanto carregada de tristeza, pois exploram as decepções amorosas instigando o sofrimento e a angústia, as mascarando com  um ritmo que envolve e contagia.   
                        Como exemplo disso vemos no cenário musical brasileiro nos últimos anos um segmento em particular que tem adquirido grande espaço na mídia, e conseqüentemente nas massas, trata-se do “Sertanejo Universitário”. Derivado do sertanejo raiz, porém diferenciado dado o fato que não busca retratar o cotidiano do homem no sertão, mas apresentando letras que falam em grande parte de decepções amorosas, bebidas, e  depreciação das mulheres. O segmento justifica o nome por ter se iniciado nos corredores das universidades pelos filhos de fazendeiros do interior que íam para a cidade grande estudar.  Seus intérpretes defendem que as músicas retratam os sentimentos ao contar as decepções amorosas, no entanto indagados sobre as letras que depreciam as mulheres ou fazem alusão a bebidas. A dupla Du Prado e Danilo que se conheceram nos bares da vida, e  cantam sertanejo universitário no interior do estado de Mato Grosso e estão ingressando no cenário nacional, defende  que as letras são feitas para agradar tanto os “cornos” que querem uma inspiração para tomar cachaça, como para aqueles que querem dançar e se divertir. Ainda reinteram que a música sertaneja raíz tem tomado rumos de se modernizar cada vez mais, ela não vai acabar mas também  não tornará a ser como era. E finalizam defendendo que as letras partem sempre de algo que aconteceu com quem as compõe sejam experiências boas ou ruins. Assim elas acabam cumprindo o seu papel de expressar os sentimentos sejam eles os mais agradáveis ou os mais obscuros.
                        O psicólogo Robson Predoso explica que o ser humano tem a opção de buscar estudos e conhecimento, as gravadoras tem a obrigação de forçar a venda do seu produto. Quanto menor o conhecimento menor a evolução, quanto menor a evolução maior a ignorância, quanto maior a ignorância maior a facilidade de ser manipulado pela mídia. Sendo assim um produdo Pena Branca e Xavantino só faz sucesso para as pessoas mais antigas que tinham pouco estudo e muita sabedoria. Já um produdo como Luan Santana serve para quem tem pouca sabedoria, pouco estudo e muito vazio, pois as letras e a músicas são montadas para fazer com que a mente fique dependente repetindo a batida e repetindo o refrão com isso provocando mais vazio de conteúdo e de consciência em todos os que escutam. Como nossa nação não tem auto referência, demonstra ir  na onda da maioria dessas músicas como calipso, pagode, breganejo, sertanejo universitário, funk, e por ai vai.
            È possível perceber que mesmo inseridos nesse contexto onde o que faz mais sucesso são músicas com letras apelativas, ainda assim existem aqueles que buscam perpetuar a idéia de que a música têm o intuito de expressar os sentimentos e ser até mesmo um registro social, onde se dissemina uma visão particular do mundo em que vive e procura contagiar os mais jovens com a idéia de cantar os sentimentos puros e a beleza da vida no campo. No cenário nacional encontramos esse estilo como minoria, porém no interior não é difícil perceber a presença de personagens como a dupla que canta sertanejo raíz  Os filhos do Araguaia- Araguaia e Bioadeiro. Há 13 anos cantando esse estilo musical a dupla ainda resiste a influência do novo segmento e afirma o sertanejo raíz tem a tendência de aumentar, pois a procura por aulas de viola (instrumento mais utilizado para acompanhamento das músicas) tem aumentando muito nos ultimos anos entre os jovens, e mesmo os que cantam o sertanejo universitário tem suas raízes fundamentandas na música raíz.
            Os fatores que ocasionaram as mudanças nas letras das músicas é uma questão ainda  a ser fundamentada, no entanto  é possível encontrarmos características das teorias de Stuart Hall como nos cita o Padre da Diocése de Alto Araguaia –MT, Pe. Luilton Pouso SDB: Os valores estão sendo rediscutidos, como cita Stuart Hall estamos passando por uma crise de identidade onde não temos mais valores definidos. Com globalização nós perdemos a referência, precisa-se buscar uma outra maneira de pautarmos a nossa vida e aí entra  a música, pois ela trabalha com os nossos sentimentos, ela transmite valores, mas ela também é um espaço onde nós podemos cria-los.
            Através das mais diversas opiniões podemos perceber que a música exerce grande influência sobre o ser humano. Com o tempo grandes mudanças ocorreram e há  indícios que continuem a ocorrer. No que isso resultará não se sabe, apenas se espera que as gerações posteriores tenham o prazer de conhecer músicas que contribuam para a elevação de seu intelecto e que possam traduzir de maneira clara sentimentos não apenas de decepções, mas alegria de ser brasileiro.


           
  


segunda-feira, 20 de junho de 2011

# Questões á se pensar...

     Inseridos em um mundo onde as pessoas são medidas pela sua capacidade de consumo, percebe-se que cada vez mais temos deixado de lado questões simples como nos preocupar com o próximo, ou assuntos do gênero. Estamos tão preocupados em conseguir o nosso, que nos esquecemos que a nossa evolução depende também da evolução do todo. Um indivíduo sozinho pode até chegar ao topo, mas o sabor da vitória não é o mesmo quando temos com quem compartilhar.
    Assim ultimamente tenho pensado muito em como posso utilizar a minha profissão de comunicadora para influenciar positivamente a vida de alguém, e não somente tansmitir uma montanha de informações. Só que o mais interessante é que pensando nisso eu percebi que o trabalho que tenho desenvolvido junto aos programas sociais em minha cidade pode ser aliado a questões como essas.
   Então, vai para vocês um vídeo produzido pelos adolescentes do grupo Protagonismo Juvenil com o qual  desenvolvo reuniões e campanhas visando auxiliá-los como formadores de opinião. Uma paródia da música "Chora me Liga", ilustrado com imagens feitas pelos próprios adolescentes, com o tema "Álcool para menores não".

terça-feira, 14 de junho de 2011

Análise semiótica da publicidade "Dove Evolution"



Breve apresentação de elementos internos e externos

            A publicidade Dove Evolution foi realizada como parte de uma campanha denominada “Beleza Real” com o intuito de quebrar os paradigmas impostos pela mídia e proporcionar a possibilidade de cada um ter um estilo próprio e se sentir bem com ele. Veiculada pela primeira vez em 2004 com inúmeros outros vídeos,  a campanha causou enorme sucesso e retornou entre 2006 e 2007 com o lançamento de Dove Evolution causando aplausos e críticas entre os meios midiáticos.
            Para entender como funciona o conceito de beleza na visão de seu público foi realizada uma pesquisa no ano de 2004, intitulada Estudo Global Dove - a verdade sobre a beleza, onde 3.200 mulheres com idade entre 18  e 64 anos foram ouvidas em dez países, entre eles Estados Unidos, Itália, Portugal, Japão e Brasil, chegando a conclusão que o estereótipo  imposto pela mídia causa insatisfação em mulheres de todo o mundo.
             Com esses dados em mãos e tendo em vista o efeito que gostariam de causar, a empresa Olgilvy possuía a ferramenta necessária para atingir o seu objetivo: mostrar que por trás dos holofotes existe uma beleza distorcida. Para tal foram  utilizadas a linguagem verbal e não verbal, causando uma dúvida e nos induzindo a levantar a hipótese de que por trás da beleza que vimos na mídia existe toda uma manipulação, assim deduzimos que trata-se de uma beleza fabricada mas que a beleza real não obedece padrões.
            Em termo de primeiridade e com auxílio de sentidos sensoriais como a visão e audição percebem-se tratar de um vídeo publicitário. Avançando para a secundidade e já atraídos pelo sentido emocional notamos tratar de uma publicidade da marca Dove, que  utiliza um fundo escuro para dar destaque aos acontecimentos em tons de cinza em volta da atriz principal. Com isso somos remetidos a terceiridade, momento em que o processo de raciocínio é mais evidente e passamos a receber as informações dadas pelo emissor de maneira mais crítica, é nesse processo que também ocorre a semióse, sobre a qual discorreremos detalhadamente no decorrer do trabalho.

Análise dos elementos que compõem a cena

            Para Araújo (2004, p 9) é na e pela linguagem que se pode não somente expressar idéias e conceitos, mas significar como um comportamento a ser compreendido, isto é, como um comportamento que provoca relações e reações.  Nota-se que as cenas que compõe o vídeo são sintagmaticamente organizadas de maneira que a linguagem utilizada nos remeta não somente ao produto, mas principalmente a idéias vinculadas a comportamentos recorrentes em nossa sociedade. Enquanto espectadores nos permitimos ser conduzidos pela direção, através disso transitamos entre planos conotativos e denotativos  recebendo informações, fazendo leituras e releituras de signos que ao serem decodificados nos retroalimentando. Durante esse processo conta-mos com uma importante ferramenta o “interpretante”, ele nos auxilia no processo de interpretação utilizando um signo para dar conta de outro signo processo em espiral.
            A publicidade Dove Evolution foi direcionada especificamente para o público feminino, percebemos isso ao utilizar a figura de uma mulher considerada normal nos padrões aceitáveis pela sociedade. Se o intuito fosse chamar a atenção do público masculino, seria certamente seria utilizada a figura de mulheres exuberantes e seminuas.  O uso dessa imagem “normal” dá indícios de que foi utilizada com intuito de haver o processo idealização-identificação, onde as mulheres se idealizam no lado mitológico (perfeito) da modelo, mas se identificam no seu lado humano.
            O vídeo inicia com a modelo, despida de maquiagem e adereços, sendo conduzida ao local onde ocorrerá a transformação, nesse caso a evolução.  Em seguida aparece em um fundo preto com letras cursivas em branco, nos remetendo a aquilo que é antigo ou passado, a mensagem “a Dove film” ou “um filme de Dove”, fazendo alusão a marca a ser divulgada, em seguida a tela fica novamente escura com a palavra “evolution”, que significa “evolução”. Posteriormente as luzes são acesas, com isso o eixo sintagmático nos permite várias interpretações, então percebemos que a mulher deixa o mundo das sombras da obscuridade vindo para a luz, podendo significar um novo percurso em sua vida, onde ficou para traz um período de anonimato, e após a evolução estará pronta e segura para viver sob os holofotes.
            O comportamento da modelo e as vozes ao fundo dão um aspecto de makingoff,
Isso pode nos remeter ao fato de o vídeo mostrar o que acontece por trás das câmeras. Tratando a marca como alguém que quer retirar a venda dos olhos da sociedade, abrindo a visão para qual é a real beleza, e não exaltando a distorção feita por artifícios tecnológicos. Nesse caso a marca Dove é tratada como um redentor que veio salvar as mulheres dessa prisão que tem sido a busca pela perfeição.
            Ao acenar com a cabeça, denotativamente a modelo transmite de uma maneira não verbal, que está pronta para a evolução física, em contrapartida, conotativamente ela está afirmando estar pronta não só para a evolução do corpo, mas pronta também para um recomeço livre de estigmas e estereótipos. 
            Logo após a luz ser acesa é possível ver que o aspecto triste e sombrio que havia dá lugar ao sorriso, nos permitindo supor que a modelo está feliz pela transformação a qual passará.  Ela então com um toque delicado retira a franja do rosto como quem se entrega sem reservas nas mãos dos produtores da evolução. A partir daí é clara a manipulação que há por trás da beleza estampada nos outdoors. O publicitário deixa evidente a manipulação de maneira detalhada através de inúmeras maquiagens e cabeleireiros, por fim  o mais impossível ao real é concluído com retoques no programa photo shoping onde o olhar é erguido, os cabelos tomam novas formas e o pescoço é alongado. A manipulação das imagens pelo computador realiza desejos que só uma cirurgia plástica teria a capacidade de conseguir.
            Após serem concluídos os retoques, a modelo é fotografada e sua imagem é colocada em um outdoor num local onde pode ser visto por inúmeras pessoas, que certamente serão influenciadas por ela, mais especificamente o público feminino.
             Em seguida a tela passa a ficar novamente tomada pela cor preta e aparecem agora em letras mais modernas e em inglês os dizeres “No wonder our perception of beauty is distorted” que significa “Não se espante com a nossa percepção distorcida de beleza”,  fazendo alusão ao fato de que a marca dispõe de uma visão que não é mesma daquela imposta pela sociedade, seus padrões não obedecem aos estereótipos impostos pela mídia.
            A outra frase que aparece é “Take party in the Dove Real Beauty Workshpos for Girls” que significa “Tome  partido na beleza real oficinas da pomba para meninas”, um convite as mulheres a entrar em um grupo que as ensinará qual as ensinará encontrar sua real beleza.
            Por fim, veicula-se a o logotipo da marca com os dizeres: “the Dove self esteem fund” que quer dizer:  “Um fundo que busca o amor-próprio”, essas palavras demonstram que a Dove demonstra buscar não apenas a beleza exterior mas a interior o amor-próprio, e é evidente que ambos estão diremente ligado.
            O logotipo com as três pombas mostra também uma evolução, onde  da primeira  a terceira elas vão aumentando de tamanho e se aproximando da cor branca. A primeira pomba possui uma cor azul mais forte, esse azul pode significar a compree são; maturidade; consciênncia. Segunda cor que aparece é um azul mais claro e a pomba posterior é ainda mais clara se aproximando do branco. Isso pode indicar que quem adere a marca Dove passa por estágios onde ela vai da tranquilidade e o equilíbrio a paz tão almejada. 

“Dove Evolution” inserido no processo de semiose

            Se analisarmos a presente publicidade somente em seu âmbito paradigmático perceberemos apenas a evolução que a modelo sofreu e seu contexto físico. No entanto, ao ocorrer o processo de semióse por meio de vários elementos, nos são fornecidas  outras significações.
           
 O significado ou objeto de um símbolo denota algo e significa uma generalidade ao mesmo tempo. Daí a noção peirciana de semióse infinita, quer dizer, os símbolos são constituídos pelo       desenvolvimento de outros signos, especialmente dos icônicos e também simbólicos (ARAÙJO, 2004, p:52).
           
            A semióse acontece quando necessitamos que um signo dialogue com outro signo para dar conta de outro, começa aí um processo onde o interpretante tem papel fundamental, pois é ele quem vai traduzindo sucessivamente os signos até que o intérprete consiga assimilar a informação de maneira clara e objetiva. Podemos notar essa ocorrência na publicidade Dove Evolution, pois, quando o espectador vê a imagem da modelo sendo retocada por vários artifícios, em sua mente ocorre um processo rápido, em que o signo é absorvido e transformado em outro signo, que evidencie de maneira mais clara aquilo que o diretor de filmagens quer transmitir.
            Não é difícil percebermos que o objeto a que a publicidade faz alusão seja a beleza real, todo o tempo diz respeito a ela, no entanto por se tratar de algo abstrato são utilizados signos que possam dar conta dela, isso automaticamente passa por um processo de semióse, ou seja, o interpretante deu conta, na mente do intérprete, de signos que apresentasse de maneira mais clara e objetiva a significação do signo beleza
            Isso fica evidente através da maneira em que são organizadas as cenas, primeiro a modelo aparece de maneira simples como uma mulher considerada comum, em seguida quando os retoques de maquiagem e tecnológicos vão ocorrendo nesse momento o espectador se retroalimenta, ou seja, aparecem signos ou elementos que ao serem decodificados e interpretados causam um efeito na mente do intérprete, efeito esse que o leva a acreditar que todas as fotos de modelos estampadas se tratam de manipulação, com isso leva-se a crer que a beleza real não é aquela que encontramos nos outdoors ou revistas, assim é possível perceber que a publicidade cumpriu o seu papel de disseminar a ideia de que a beleza real pode ser encontrada utilizando os produtos da marca Dove, pois ela nada mais é do que ressaltar aquilo que cada um possui de belo em particular.
            Se tratarmos como objeto principal a marca Dove existe a possibilidade de outras interpretações, vejamos algumas delas: o momento em que a modelo usa um toque delicado com a mão para retirar o cabelo do rosto pode ser interpretado como uma maneira em que ela dá sinais de que está se entregando nas mãos de alguém que confia, trazendo isso para a marca Dove, ela dá indícios de que está se sentindo segura para entregar-se nas mãos de alguém para cuidar de algo tão particular como seu corpo. Também outros exemplos em que poderíamos identificar uma alusão a marca é no momento em que a modelo está sendo transformada, os profissionais trabalham em elementos os quais a marca Dove possui um produto indicado para a reparação, como pele e cabelos, encontramos aí novamente características que nos remetam a publicidade.  Assim fica claro que de à partir da maneira em que os signos são organizados nos é dada a possibilidade de várias interpretações, dado o fato de que um signo pode ter um significado estando ele inserido em um contexto, porém à partir do momento em que muda-se o contexto a significação também muda.

“Dove evolution” sob a perspectiva teórica de Edgar Morin

            Há muito tempo atrás as publicidades eram utilizadas apenas para vender o produto referido. Com o passar do tempo valores foram sendo agregados e passou a ser necessário mais do que fazer menção a marca, mas utilizar artifícios que prenda a atenção do espectador e o faça consumir cada vez mais. Assim nota-se que se criou  uma espécie de  receita contendo alguns elementos, dificilmente falíveis, para que a publicidade seja aceita pelo público.
A publicidade opera, para certos produtos, uma revelação quase psicanalítica das latências eróticas que podem despertar seu consumo, e sobretudo ela aumenta a voltagem dos objetos já denotados de carga erótica. Assim, o impulso erótico se torna virulento ao extremo nos produtos para a epiderme e as partes sexuais secundárias do corpo como: cabeleira, peito, coxas e também nos produtos para  alma: jornais, revistas e filmes. (MORIN,1997, p.121).
           
            Podemos correlacionar à contribuição teórica de Morin, acima citada com a publicidade analisada, pois, nela encontramos evidentes sinais de erotismo no olhar expressivo, na boca ressaltada pela cor e os cabelos esvoaçantes e sensuais. O erotismo faz parte da receita que mencionamos anteriormente, sendo que ele vem na maioria das vezes acompanhado pelo humor que quebra a conotação de vulgaridade que pode ser tomada, nesse contexto o humor não é evidente, porém o erotismo é tão sutil que proporciona um ar de leveza a propaganda.
            A cultura da mídia se vale dos mesmos artifícios ao longo do tempo, por isso é possível associar elementos atuais a textos escritos por Morin há muito tempo.
            Outra perspectiva de Morin que encontramos em Dove Evolution trata-se das Vedetes e Olimpianos que a cultura da mídia cria.  Para ele as Vedetes e os Olimpianos são seres mitificados nos quais projetamos nossos mais íntimos desejos, eles habitam em nosso imaginário e servem como um alimento para a acirrada busca do consumo, ou seja, consumimos tudo aquilo que pode nos tornar parecidos com os tais. Nessa publicidade a modelo e tratada como uma vedete, no entanto ocorre o papel inverso, mostra-se que a beleza dela é algo fabricado e inatingível, porém mesmo assim a propagando obedece a lógica do consumo dado o fato de que ao mostrar a beleza inalcançável também são apresentados produtos que proporcionam uma beleza mais acessível ou a beleza real, não deixando assim cumprir o seu papel nesse sistema capitalista.
            Ainda pautados por Morin vemos que a mesma cultura de mídia que torna um ser humano comum um mito, também extrai dele sua substância mais humana a fim de que nos identifiquemos com ele, trazendo-o para perto, tornando o processo projeção-identifícação uma maneira eficaz de induzir a sociedade ao consumo.

           




           
           
           

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Intercom 2011 - Quem tem medo de Pesquis a Empírica.






   O Intercom regional aconteceu nos dias 8 à 10 de junho na cidade de Cuiabá-MT. Estiveram presentes acadêmicos de comunicação de todo o Centro-Oeste. O tema abordado foi "Quem tem medo de pesquisa empírica". A Universidade Estadual de Mato Grosso, na qual eu sou acadêmica, levou seis prêmios das sete categorias em que participou.
   A foto acima mostra a minha participação onde apresentei o artigo com o título "V de Vingança"- A obra cinematográfica como veículo de disseminação ideológica".  A experiência foi válida acrescentando conhecimentos que produzirão frutos na vida profissional e acadêmica daqueles que participaram.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Indicação de leitura.....

  Para quem gosta de uma boa leitura, ou para quem nem gosta tanto assim, vou postar um trecho do livro do jornalista Edney Silvestre, apenas pra dar água na boca e incitar a sua vontade a ler:





Se eu fechar os olhos agora
Edney Silvestre

        Se eu fechar os olhos agora, ainda posso sentir o sangue dela grudado nos meus dedos. E era assim: grudava nos meus dedos como tinha grudado nos cabelos louros dela, na testa alta, nas sobrancelhas arqueadas e nos cílios negros, nas pálpebras, na face, no pescoço, nos braços, na blusa branca rasgada e nos botões que não tinham sido arrancados, no sutiã cortado ao meio, no seio direito, na ponta do bico do seio direito.
Eu nunca tinha sentido aquele cheiro pungente antes, aquele cheiro que ficaria para sempre misturado ao cheiro das outras mulheres, das que conheci na intimidade, que invadiria o cheiro de outras mulheres e que para sempre me levaria de volta a ela. Aquela mistura de perfume doce, carne cortada, suor, sangue e — o mais próximo que consegui perceber, até hoje — sal. Como se sente quando próximo do mar. Como quando adere à pele. Não os grãos do sal — mas a poeira invisível e olorosa do sal em dias úmidos...


Recomendo!!!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nova discussão em vista um prato cheio para a mídia!


  Nada de conto de fadas (casamento real) ou mocinhos vencendo bandidos (morte de OsamaBin Laden), agora a discussão que está prometendo causar polêmica é o "Kit Gay" que o Ministério da Educação (MEC) está analisando para reproduzir e distribuir em aproximadamente 6 mil escolas públicas brasileiras.
   O material didático proposto apresenta cartilhas, videos e boletins com um conteúdo que aborda questões homossexuais inseridas em um contexto juvenil, para atrair a atenção e causar um efeito de identificação entre as crianças e adolescentes. Conta a história de duas adolescentes que se apaixonam e têm dificuldades para lidar com a  situação devido o preconceito, e também mostra um menino que se traveste de menina e não quer atender pelo nome de registro mas sim pelo nome que escolheu, no entanto sua dúvida maior acaba sendo se utilizará o banheiro masculino ou feminino.
   O material está em análise por alguns deputados, profissionais da área de ensino e representantes das bancadas religiosas, estão sendo veículadas várias entrevistas onde o Ministro da Educação defende que não será uma imposição mas uma sugestão, em contrapartida muitos protestos têm surgido por parte de pais de família e de edecuadores.
  Não está em questão se deve ser abordado ou omitido o assunto, dado o fato que a preferência sexual de cada um é algo particular, mas o que se questiona é até onde os políticos podem interferir em um trabalho que não diz respeito diretamente a eles.  Quem sabe a real situação do assunto no contexto escolar são os educadores, e a escola tem a função de disseminar o conhecimento e auxiliar na formação do caráter, haja vista que é função da família abordar assuntos delicados como esses e a escola torna-se um parceiro dando o suporte necessário e suprindo as deficiências.  
   Entede-se que os parlamentares possuem boas intenções tentando reduzir os casos de homofobia que crescem a cada dia, ainda assim esse assunto deve ser abordado de maneira mais cuidadosa ,sem imposições deixando a critério de cada instituição de ensino a maneira de como lidar com os casos, sería mais interessante trabalhar primeiro com os educadores e posteriormente com os educandos.  E mais uma vez percebemos os meios de comunicação dando enfoque a assuntos  polêmicos alimentando discussões e fomentando rivalidades.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minha mãe tinha razão quando dizia....

   Nesse domingo de dia das mães eu parei pra refletir o quanto minha mãe tinha e tem razão. Eu sempre disse pra ela que palavra de mãe é pega e pega mesmo. Ainda não sou mãe mas pretendo ser se Deus quizer e o leite em pó e a fralda descartável pararem de subir. O fato é que me lembrei de algumas das suas pérolas que acabam sendo conselhos úteis a qualquer tempo e a qualquer hora. Falar nisso vou sugerir pra ela criar um manual pra levar no bolso: um pocket mãe (rsrsrsrrs), mas lá vai algumas de suas considerações:
     Sabe aquele dia que você sai de casa com o sol escaldante e ela diz: Meu filho leva blusa que vai esfriar!! Na boa, se eu fosse você eu levaria, porque não importa o quanto o sol esteja quente, se ela disse é porque vai esfriar. Ou então quando ela diz assim: querido cuidado com esse seu amigo, aí a gente diz : dá nada não mãe, é gente boa, mas se prepara porque se ela falou, com certeza vai dar merda. O pior é quando ela olha pra o seu namorado e diz: sei não, mas tem alguma coisa nele que não me convence, aí você pode se preparar porque vem encrenca.
   È impressionante mas parece que elas possuem uma comunicação secreta com Deus, porque Ele sempre avisa elas primeiro, e nós ficamos aqui desdenhando seus cuidados e sua forma protetora de ser, no entanto, a se não fosse a nossa mãezinha pra tirar a gente de altas enrascadas!!!!
   Então, vamos parar um pouco para agradecer aquelas que apesar de falar e falar muitas vezes no ouvido da gente, estão sempre preocupadas com o nosso bem, mesmo quando não pareça.
     Feliz dias das mães para minha mãezinha Maria do Céu, que sempre me incentivou a fazer jornalismo mesmo quando eu queria e fazia Matemática. E o pior (ou melhor)é que ela estava certa (rsrsrsrrsr).